Resenha: Persépolis

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Título: Persépolis
Autor(a): Marjane Satrapi
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 352
Classificação: 5/5
Comprar: Amazon

Eu já tinha ouvido falar desse livro e de sua história, mas até então nunca havia tido a oportunidade de  ler "Persépolis" (apesar da obra estar na minha wishlist, eu tenho um pouco de dificuldade de seguir essa lista, pois sempre desperto interesse por outros livros e me esqueço das obras que estão inclusas na minha meta de leitura). Porém, graças a uma tremenda sorte do destino, eu ganhei "Persépolis" e tive a oportunidade de me deliciar com essa leitura incrível.

"Marjane Satrapi tinha apenas 10 anos quando viu-se obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979, ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita, apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão dos persas. 25 anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que transformou-se, Marjane, emocionou leitores de todo o mundo com sua autobiografia nos quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em Persépolis, o popular encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor infiltra-se no drama, e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar."

Com apenas 10 anos de idade Marjane Satrapi viu sua vida mudando completamente. No ano de 1979, ela foi separada de seus amigos e passou a estudar em uma escola apenas para garotas. Ela teve que  começar a suar o véu. E ela foi obrigada a lidar com a dura realidade de seu país, em que mulheres e homens não possuíam os mesmos valores. Por ter crescido em uma família moderna e politizada, Marjane não conseguia entender o motivo de mudanças tão bruscas em sua realidade e por mais que seus pais tentassem explicar o que estava acontecendo, ela ainda era jovem para ter uma total compreensão da situação.

Foi durante o período de sua adolescência que Marjane começou a ter uma maior compreensão das coisas que se passavam ao seu redor. Desse modo, começou a protestar como podia: ela participava de manifestações escondido de seus pais (eles consideravam como algo muito perigoso), usava  maquiagem,  adotou o estilo punk (em relação as músicas que escutava e algumas das roupas que usava) e colocava o véu de forma que conseguia mostrar um pouco de seus cabelos. Preocupados com a vida da filha, que apresentava um comportamento rebelde com comparação com o duro regime que estavam vivendo, Marjane foi mandada para  passar um tempo na Áustria.
O tempo em que ela viveu na Áustria foi marcado por pontos positivos e negativos. Marjane estava longe da guerra, tinha uma grande liberdade em mãos: ela podia andar sem o véu, passar maquiagem e usar jeans sem ser reprimida. Porém, nesse período ela teve de lidar com a enorme saudade que sentia de sua família. Marjane mudou de casa diversas vezes, sofreu preconceito e nem mesmo o seu comportamento "descolado" fez com que ela conquistasse o seu espaço (no desespero de fazer amizades ela tomou atitudes que iam contra os ensinamentos de seus pais, de modo que ela passou a fumar maconha, além de traficar drogas em sua escola). O seu objetivo era deixar sua família orgulhosa, mas não foi exatamente isso que aconteceu.

Marjane enfrentou uma grande crise existencial na época em que viveu na Áustria, ela era considerada uma pária social e não se encaixava em nenhum grupo. Dessa forma, ela decidiu voltar para sua casa, a sua terra natal. Ela se sentia envergonhada por algumas atitudes que tomou para agradar certas pessoas, e acreditava que estando de volta em Teerã ela teria uma chance de recomeçar.  Contudo, a volta para o seu país não foi fácil como ela imaginava. Mesmo recebendo o apoio de sua família, reencontrando suas velhas amigas, Marjane tinha se tornado uma verdadeira estranha em sua própria terra.
"Na vida você vai encontrar muita gente idiota. Se te ferirem, pensa que é a imbecilidade deles que os leva a fazer o mal. Assim você vai evitar responder às maldades deles. Porque não tem nada pior no mundo do que a amargura e a vingança... Seja sempre digna e fiel a você mesma."

Ler "Persépolis" foi uma experiência incrível, surpreendente e muito emocionante. Ao longo da narrativa o leitor tem a oportunidade de acompanhar o crescimento de Marjane: desde o momento em que ela deixou para trás a inocência da infância  (o sonho dela era se tornar Profeta ao crescer, mas logo essa ideia caiu no esquecimento), passando por sua rebeldia da adolescência até o momento em que ela resolveu tentar se reconectar com a cultura de seu país.

A narrativa é fluída e os desenhos são incríveis, conseguindo repassar a dramaticidade envolvida na história. O trabalho feito pela Companhia das Letras está impecável! E um ponto positivo da obra é que ela apresenta para o leitor um conhecimento profundo a cultura iraniana (no início dos quadrinhos tem até mesmo uma breve introdução histórica, o que enriquece bastante a narrativa), dando uma visão diferente com a qual estamos acostumados.

Então, se você gosta de ler HQs ou está procurando uma para ler, "Persépolis" tem que estar na sua wishlist. A leitura desse livro deveria ser obrigatória; todas as pessoas deveriam conhecer essa história.

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2 comentários

  1. Estou apaixonada por essa história, já tinha lido outras resenhas mas a sua me despertou uma vontade enorme de ler o livro, já quero conhecer de perto essa jornada!

    www.estante450.blogspot.com.br

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    1. Oi Cássia, tudo bem com você? Fico muito feliz em saber que a minha resenha despertou sua vontade de ler o livro, esse tipo de situação me indica que eu estou seguindo pelo caminho certo. Posso garantir que você vai amar e se emocionar muito com essa história.

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