Resenha: Mayada - Filha do Iraque

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Título: Mayada - Filha do Iraque
Autor(a): Jean P. Sasson
Editora:Best Seller
Número de páginas: 263
Classificação: 4/5

Quando se é estudante, muitas vezes acabamos tendo de ler livros para a escola. Nem sempre os livros indicados pelos professores acabam agradando aos alunos, às vezes uma boa parte acaba não lendo. E em algumas ocasiões ocorre do livro indicado agradar a turma, no geral, além de contar uma história profunda e muito emocionante.
"Mayada, relata a história verídica de Mayada Al-Askari. Apesar de pertencer a uma influente família iraquiana, ela foi presa e torturada pela polícia secreta de Saddan Hussein sob a falsa acusação de imprimir propaganda contra o governo em sua gráfica. Existem muitas especulações ao redor do mundo sobre as crueldades de Saddan Hussein. Em Mayada: Filha do Iraque, as especulações deram lugar a fatos verídicos através da história de uma mulher que conheceu profundamente o regime de Saddan e o terror. Viveu sob a intimidação e o silêncio impostos pelo tirano e viu de perto como o país se transformou em uma das maiores ditaduras da história contemporânea. A sensibilidade da autora, sua intimidade com a personagem e com os cenários que retrata tornam o livro uma obra apaixonante e inesquecível."
Mayada relata a história de uma mulher iraquiana que nasceu em uma boa família, uma vez que os Al-Askari eram influentes. Mas apesar disso, um acontecimento fatídico acaba ocorrendo no ano de 1999. Mayada acaba sendo presa, e ela não sabe explicar o por quê disso. Ela era uma mulher que levava uma vida tranquila junto de seus dois filhos (Fay e Ali), não fazia ideia do que poderia ter feito para ser interpretado como algum tipo de oposição contra o governo.

Sua vida acaba virando de cabeça para baixo, em uma questão de segundos a sua vida acabou tendo uma virada radical em uma questão de segundos, praticamente. Mayada acabou sendo levada para Baladiyat, o quartal general da polícia secreta iraquiana, onde também havia um complexo carcerário. Somente quando ela chegou lá acabou descobrindo o motivo de estar sendo acusada. A acusação era de que ela estava imprimindo folhetos contra o governo, já que Mayada era dona de uma — pequena — gráfica.
"Mayada ficou muda, sem saber qual palavra ou gesto poderia salvá-la. Os três homens reviraram as dependências de sua pequena gráfica. Despejaram o conteúdo das latas de lixo, vasculharam sob as cadeiras, abrira aparelhos de telefone com chaves de fenda. Depois carregaram seus valiosos computadores e impressoras e os depositaram nos porta-malas dos dois Toyota Corollas brancos, veículos prediletos da polícia secreta iraquiana. Ao vê-los fazer isso, Mayada pensou que nunca teria de novo recursos para substituir os equipamentos. Impotente, assistindo à destruição de seu futuro, lentamente amassou os papéis do estudante tunisiano que tinha nas mãos."  
Mayada acabou sendo presa na cela 52, e no momento em que isso aconteceu o número parecia atingir o seu coração como um punho de aço — o número 52 era um número de má sorte que perseguia a sua família há gerações. A tentativa de implorar para ficar em outra cela acabou gerando nenhum resultado, ela foi empurrada com violência para dentro do lugar. Ela passa a dividir o local com outras 17 mulheres que também se encontravam em uma situação semelhante à dela, desse modo, as mulheres-sombras (modo que Mayda chamava suas companheiras) e Mayada começaram a contar suas histórias e aos poucos acabam se transformando em amigas.  Elas começaram a ajudar umas às outras, a rezar toda vez que uma delas era torturada — um verdadeiro "hábito" entre elas, visto que, todos os dias várias mulheres da cela eram levadas para a tortura.
"As mulheres começaram a falar de suas próprias vidas. Mayada ficou sabendo que uma delas, Iman, era xiita do sul. Uma outra, Safans, era curda. Outra, sunita  de Bagdá. Elas pediram a Mayada que contasse tudo o que havia visto fora da cela. Mayara suspirou pesadamente e disse que não conseguia falar, mas, que, no dia seguinte, responderia de boa vontade a todas as perguntas."  
Um mês depois Mayada acabou sendo solta, ela voltou para os seus filhos, Fay e Ali, e acompanhada dos dois fugiu para a Jordânia. Somente no dia 15 de abril de 2003, os integrantes da coalização declararam o término da Guerra no Iraque. Foi nesse momento que Mayada decidiu contar sua história ao mundo.
"Esse era o segundo momento na história do Iraque moderno em que uma página em branco se abria no livro da nação, uma página em que os anais da história estavam à espera de serem  escritos, uma página que descreveria o futuro do Iraque.
Mayada olhou para o leste e rezou:
— Que Alá guie a mão que escreve nessa página em branco." 
O livro "Mayada - Filha do Iraque", conta uma história emocionante e triste ao mesmo tempo o que pode tornar a leitura dele um pouco difícil para algumas pessoas. Os detalhes são extremamente ricos dando a sensação de que o leitor está lá no local presenciando determinada cena, o que pode levar algumas pessoas a se questionarem sobre: como uma pessoa é capaz de suportar tudo aquilo? Quais são os limites da maldade humana? O mais duro de tudo é pensar que aquilo realmente aconteceu com um ser humano, na verdade, mais de um. Apesar disso, se trata de um ótimo livro cuja leitura flui com grande facilidade, além de contar uma história que todos deveriam conhecer.

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2 comentários

  1. Oi Bruna, tudo bem?

    Nossa essas histórias de pessoas que vivem em regimes totalitários são sempre emocionantes e um poço infindável de reflexão sobre nós mesmos enquanto seres humanos. Através dessas histórias, que são reais, percebemos onde a maldade das pessoas pode chegar quando está em jogo poder e dinheiro. Com certeza pretendo ler, parabéns pela resenha :)
    http://www.magisbook.blogspot.com.br/

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    1. Hey Mah e Gi, eu estou bem e vocês?

      Esse livro me marcou de uma forma incrível, nunca pensei que poderia gostar tanto de um livro de escola quanto eu gostei desse. Não deveria ter duvidado da minha amiga quando ela me disse que o livro era ótimo, acabou se tornando um dos meus favoritos.
      Bjs e sucesso com o blog!

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