Autor(a): Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 576
Classificação: 4/5
Niel Gaiman é um grande nome na literatura estrangeira, até cheguei a ler alguns dos contos que ele escreveu sobre Doctor Who. Foi preciso certo tempo para eu tomar a iniciativa de ler um de seus livros e quando eu vi "Deuses americanos" foi uma espécie de amor à primeira vista, não consegui resistir ao livro.
"Obra-prima de Neil Gaiman, Deuses americanos é relançado pela Intrínseca com conteúdo extra, em Edição Preferida do Autor.
Deuses americanos é, acima de tudo, um livro estranho. E foi essa estranheza que tornou o romance de Neil Gaiman, publicado pela primeira vez em 2001, um clássico imediato. Nesta nova edição, preferida do autor, o leitor encontrará capítulos revistos e ampliados, artigos, uma entrevista com Gaiman e um inspirado texto de introdução.
A saga de Deuses americanos é contada ao longo da jornada de Shadow Moon, um ex-presidiário de trinta e poucos anos que acabou de ser libertado e cujo único objetivo é voltar para casa e para a esposa, Laura. Os planos de Shadow se transformam em poeira quando ele descobre que Laura morreu em um acidente de carro. Sem lar, sem emprego e sem rumo, ele conhece Wednesday, um homem de olhar enigmático que está sempre com um sorriso no rosto, embora pareça nunca achar graça de nada.
Depois de apostas, brigas e um pouco de hidromel, Shadow aceita trabalhar para Wednesday e embarca em uma viagem tumultuada e reveladora por cidades inusitadas dos Estados Unidos, um país tão estranho para Shadow quanto para Gaiman. É nesses encontros e desencontros que o protagonista se depara com os deuses — os antigos (que chegaram ao Novo Mundo junto dos imigrantes) e os modernos (o dinheiro, a televisão, a tecnologia, as drogas) —, que estão se preparando para uma guerra que ninguém viu, mas que já começou. O motivo? O poder de não ser esquecido.
O que Gaiman constrói em Deuses americanos é um amálgama de múltiplas referências, uma mistura de road trip, fantasia e mistério — um exemplo máximo da versatilidade e da prosa lúdica e ao mesmo tempo cortante de Neil Gaiman, que, ao falar sobre deuses, fala sobre todos nós."
Shadow Moon é um homem que está preso há três anos e mal consegue esperar para conseguir a sua liberdade condicional, que está cada vez mais próxima. Porém, ao ser libertado mais cedo as coisas não acontecem da maneira que ele esperava. Shadow não tem a oportunidade de retornar para sua casa, para os braços de sua esposa, Laura Moon, e dar continuidade para o seu casamento. Ele é obrigado a comparecer a um velório: ao de sua mulher e do seu melhor amigo, eles tiveram um acidente de carro e não conseguiram sobreviver.
Sozinho e sem muitas possibilidades para o seu futuro, Shadow resolve aceitar a proposta de emprego que recebeu de um homenzinho estranho que conheceu no avião. Ele nem mesmo sabe o nome do sujeito — apenas o seu apelido, Wednesday. Isso pode parecer uma decisão arriscada, afinal de contas ele não conhece o seu patrão, mas como nada o restou desde a recente morte de sua esposa Shadow decide aceitar a proposta.
"Religiões são, por definição, metáforas, apesar de tudo: Deus é um sonho, uma esperança, uma mulher, um escritor irônico, um pai, uma cidade, uma casa com muitos quartos, um relojoeiro que deixou seu cronômetro premiado no deserto, alguém que ama você – talvez até, contra todas as evidências, um ente celestial cujo único interesse é assegurar-se que o seu time de futebol, o seu exército, o seu negócio ou o seu casamento floresça, prospere e triunfe sobre qualquer oposição. Religiões são lugares para ficar, olhar e agir, pontos vantajosos a partir dos quais se observa o mundo."
Percorrendo por vários cantos dos Estados Unidos e conhecendo diversas pessoas aos poucos Shadow vai descobrindo a sua verdadeira missão. Wednesday, na verdade, é a encarnação do deus Odin (Pai de Todos) e ele está tentando reunir todos os Velhos Deuses da mitologia antiga para participarem de uma guerra contra os Novos Deuses Americanos — a obsessão do povo americano com as celebridades, a tecnologia e drogas contribuíram para o surgimento desses novos deuses. E na medida em que eles vão crescendo e ganhando força, os poderes dos Velhos Deuses foram diminuindo.
Juntos Shadow e Wednesday percorrem o território americano para conseguir reunir os Velhos Deuses, apara os convocar para um conflito que é inevitável.
"Existem novos deuses crescendo nos Estados Unidos, apoiando-se em laços cada vez maiores de crenças: deuses de cartão de crédito e de auto-estrada, de internet e de telefone, de rádio, de hospital e de televisão, deuses de plástico, de bipe e de néon. Deuses orgulhosos, gordos e tolos, inchados por sua própria novidade e por sua própria importância. Eles sabem da nossa existência e tem medo de nós, e nos odeiam - disse Odin. - Vocês estão se enganando se acreditam que não. Eles vão nos destruir, se puderem. Ë hora de a gente se agrupar. E hora de agir."
Dizem que não existe um meio termo se tratando de "Deuses americanos": você odeia ou você ama. Pessoalmente eu amei o livro. Achei a narrativa mágica, afinal de contas tenho um fraco pela mitologia — não só a nórdica, mas reconheço que ela é a minha preferida —, sempre tentava reconhecer o deus que estava diante de Shadow e Wednesday.
Esse não foi um livro fácil de ler, tive que prestar atenção em alguns detalhes que eram minuciosos. Foi uma leitura que exigiu o meu tempo e que não foi rápida para ler, mas foi algo que valeu totalmente a pena, cada centavo gasto nesse livro! Neil Gaiman domina a escolha das palavras e sabe como manter o leitor preso a narrativa.
- 07:40
- 4 Comments