Watchmen

13:59

Fazem três anos desde que eu comecei a me tornar fã dos filmes da Marvel e da DC Comics, e toda vez que tem a previsão de lançar algum filme eu tenho a mania de combinar de assistir previamente com os meus amigos. Eu ainda posso ser considerada como uma novata nesse universo tão vasto de HQs e filmes, então sempre aproveito das oportunidades para ampliar o meu conhecimento.

No sábado (7/03), a minha escola ofereceu um aulão em que relacionava o filme Watchmen com a Guerra Fria, e a questão da ética. E faltar não era uma opção válida, afinal se tratava de um filme que eu nunca tinha visto antes e que me parecia ser interessante, envolvia duas das minhas matérias favoritas: História e Filosofia e adquirir novos conhecimentos sempre é bom.  E aqui nesse post vou contar um pouco sobre o filme, o que eu achei dele e ainda sobre algumas questões discutidas no aulão!
"Em 1977 foi aprovada pelo congresso norte-americano a Lei Keene, que proibia as atividades de mascarados no combate ao crime. Isto fez com que vários super-heróis deixassem a carreira, como o Coruja (Patrick Wilson) e Espectral (Malin Akerman). Outros, como o Comediante (Jeffrey Dean Morgan) e o Dr. Manhattan (Billy Crudup), passaram a trabalhar para o governo. Dois anos antes da implementação desta lei Adrian Veidt (Matthew Goode) decidiu revelar sua identidade como Ozymandias, dedicando-se a partir de então na construção de um império econômico. Em 1985 o mundo vive o clima da Guerra Fria, no qual um ataque nuclear pode acontecer a qualquer momento, vindo dos Estados Unidos ou da União Soviética. Neste clima de tensão política Edward Blake, o Comediante, é assassinado. Em seu funeral comparecem, em momentos diversos, seus antigos companheiros. Entre eles está Rorschach (Jackie Earle Haley), que acredita que sua morte seja o indício da existência de um assassino de mascarados."
A história se passa em 1985 nos Estados Unidos (mais precisamente na cidade de New York), em uma realidade alternativa onde super-heróis existem e o presidente Nixon está em seu terceiro mandato. A época em que se passa o filme está marcada pelas tensões da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, e muitos temem na possibilidade de que haja uma espécie de guerra nuclear. E em meio dessas tensões, em uma noite chuvosa ocorreu um assassinato. Mas não foi um crime qualquer. A vítima se trata de Edward Blake, que por mais que se pareça com um cara comum ele, na verdade, se trata de um ex-vigilante conhecido por todos como Comediante.

E esse acontecimento acabava deixando Rorschach bastante intrigado com a situação, e como modo de tentar conseguir descobrir quem está por trás disso ele acaba violando a Lei Keene, que foi implantada em 1977 em resposta à greve da polícia e a revolta da população contra os vigilantes que agiam acima da lei. A Lei Keene exigia que todos os "aventureiros fantasiados" se registrassem no governo. E durante a sua breve visita a cena do crime ele descobre que quem matou Eddie sabia exatamente que ele era o Comediante, e assim ele desconfia na existência um assassino que planeja matar os vigilantes e como forma de proteger os outros ele procura  o Dr. Manhattan que vive junto de Laurie, além seu antigo parceiro Dan Dreiberg, que transmitiu o recardo para Adrian Veidt.
"Last Night, a Comedian Died in New York...
This was no accident, no act of God. No unforeseen mishap, no simple miscalculation. Somebody pushed AIG out a window, to collect the insurance. Then they saw the opportunity to extort billions from the Congress and a Presidency in transition by bringing the financial system to the point of collapse. And they took it. And somebody knows who and how they did it.
Somebody knows."
Contudo, nenhum dos outros vigilantes acreditam na suposta teoria de Rorschach, de que existe algum assassino cujo seus alvos são os vigilantes. Mas isso não o impede de continuar investigando o caso em busca de descobrir a verdade. E tomando essa decisão ele acaba descobrindo o motivo do assassinato do Comediante, também o leva a descobrir série de informações ainda mais sérias e que podem comprometer o destino da humanidade. Mas ao longo desses acontecimentos é revelada a verdadeira identidade do Rorschach — eu já tinha minhas suspeitas, mas mesmo assim me surpreendi um pouco com a revelação —, ele é preso por ir contra a Lei de Keene e na prisão tem de lidar com vários presidiários que querem sua cabeça,  e consegue convencer Dan e Laurie a se juntarem à ele, fazendo as coisas de sua própria maneira.
"Quanto a mim, de nada me arrependo. Vivi a vida sem concessões... e agora avanço rumo as sombras sem me queixar."
Logo no início do filme ficou bastante claro que era algo violento, e a cena da morte de Eddie Blake foi à primeira das várias cenas de ação que podem agradar ou não ao espectador. Admito que em algumas partes eu não consegui assistir sem virar o rosto ou fechar os olhos, de tão chocantes como eu achei. Um exemplo disso foi durante a rebelião que aconteceu na prisão quando Rorschach se encontrava preso por lá.

E de todos os personagens do filme eu acabei pegando uma antipatia logo de cara pelo Comediante. Pelo fato dele ter feito parte dos Vigilantes achei que isso fazia dele um super-herói, mas ao julgar suas atitudes ele estava longe de ser bonzinho o que resultou na minha repulsa por ele. No início do filme me perguntei como alguém como ele era capaz de cometer certas atrocidades, tendo pouco respeito pela moralidade ou para com a vida humana. Mas ao longo do filme percebe-se que ele está mais para um mercenário, do que para um herói de fato. E, definitivamente, o Comediante pode ser considerado como um sociopata.

E fiquei em estado de choque quando descobri que o ator Jeffrey Dean Morgan, interpretou no passado o amável, carinhoso e carismático Denny em Grey's Anatomy. Um personagem bem diferente do Eddie. São como dois verdadeiros extremos.
Já o personagem que acabou me conquistando foi o Rorschach com o seu modo extremamente misterioso e enigmático de ser, ao ponto de esconder a sua própria identidade de todos — algo que me deixou bastante intrigada, e que me fez a criar algumas suspeitas de quem era o homem por trás da máscara. E admito que fiquei extremamente feliz ao ver que o meu palpite estava correto.

E foi extremamente interessante conhecer um pouco mais sobre o passado dele durante o Teste de Rorschach no qual ele é submetido na prisão. Essa volta pelo passado, pelo íntimo dele acaba revelando informações cruciais que explicam o motivo dele ser o que ele é, das ações que ele toma. E de certo modo, essa viagem ao passado dele acaba fortalecendo os laços entre o telespectador e a personagem, é como se estabelecesse um tipo de vínculo. Na minha opinião, ele é o personagem mais enigmático de todos, e a partir do momento em que descobrimos um pouco sobre o passado é como se as pessoas se aproximassem ao menos um pouco do Rorschach.

E os efeitos especiais usados em sua máscara ficaram perfeitos. E o curioso disso é o fato de Rorschach usa essa máscara como uma espécie de ilusão à sociedade, que vai mudando de cara.
E o que eu posso dizer sobre a tilha sonora de Watchmen? Até agora estou viciada em algumas das músicas, e chegou ao ponto de eu as colocar no meu celular para poder escutar sempre que quiser.
1) The Times They Are a-Changin' — Bob Dylan
2) The Sound of Silence — Simon & Garfunkel
3) Hallelujah — Leonard Cohen
Curiosidades:

  1. Os rumores iniciais de uma adaptação de Watchmen para o cinema surgiram na década de 90. Os cotados na época eram Robin Williams como Rorschach, Jamie Lee Curtis como Espectral, Gary Busey como Comediante e Richard Gere ou Kevin Costner como Coruja.
  2. O diretor Terry Gilliam e seu colaborador Charles McKeown fizeram diversas versões de roteiro para Watchmen, até o filme ser abortado pela Warner Bros. O estúdio considerava impossível rodar uma adaptação da graphic novel, já que Gilliam havia declarado que conseguiria fazer do material uma série de, no mínimo, 5 horas de duração.
  3. Carla Gugino e Malin Akerman interpretam mãe e filha em Watchmen, apesar da diferença de idade entre elas ser de apenas sete anos.
  4. Durante a escalação do elenco, o diretor Zack Snyder deu a cada ator uma cópia do roteiro e outra da graphic novel Watchmen. Posteriormente, já durante as filmagens, Snyder permitiu que os atores levassem ao set a graphic novel e reescrevessem eles próprios seus diálogos.
  5. Tales of the Black Freighter é baseado na história em quadrinhos exibida dentro de Watchmen, sendo lançado em DVD na mesma época em que Watchmen for lançado nos cinemas dos Estados Unidos.

Ficha Técnica
  • Título: Watchmen - O Filme.
  • Gênero: Ficção científica, Drama, Ação.
  • Direção: Zack Snyder.
  • Elenco: Stephen McHattie, Carla Gugino, Jeffrey Dean Morgan, Billy Crudup, Matthew Goode, Malin Akerman, Jackie Earle Haley.
  • Duração: 2h42min

Como mencionei no início do texto, agora chegou o momento de falar um pouco sobre o que eu achei do aulão. Atualmente, estou estudando nas minhas aulas de filosofia questões sobre ética e moral e por mais que pareça ser algo extremamente fácil, por trás dessas duas palavrinhas está uma incrível e complexa rede de pensamento. E foi legal ver os três grandes modelos de ética que são apresentados ao longo do Watchmen — Grega, Cristã e Utilitarista  — e relacionar com cada um dos personagens. Por exemplo, o Dr. Manhattan de certa maneira representa a ética cristã  — até por que, se pararmos para analisar ele é praticamente um deus. Ele consegue criar as coisas por si só, é capaz de evitar uma guerra nuclear o que faz dele um ser onipotente; ele também sabe tudo o que se passa no futuro e a capacidade de "estar" em mais de um lugar, o que o torna onipresente e atemporal, assim como Deus.

E é simplesmente genial a questão de "Quem vigia os vigilantes?" Esse pode ser considerado como o grande dilema ético do filme, afinal de contas todos os vigilantes possuem um a moral diferente, então como fazer para escolher algo que valha para todos? Quem escolhe a moral vigente? 

Watchmen foi lançado durante os anos 80, quando a Guerra Fria estava "quente" e existia o risco de um conflito nuclear, então se percebe que utilizaram dessa realidade como inspiração para as histórias. E tendo isso como questão, é curioso o fato do Dr. Manhattan ser azul o que me leva a formular algumas teorias (a) foi uma cor escolhida pelo acaso pelo desenhista (b) poderia ser a ideologia da Guerra Fria nas HQs, uma vez que a cor vermelha indicava os "comunistas malvados" e o azul os "capitalistas bonzinhos", e como o Dr. Manhattan é dos Estados Unidos nada melhor do que a cor azul para o representar (c) ou o desenhista foi apenas um cara que adivinhou algo que levaria mais alguns anos, pois existe uma explicação que comprova o fato de o personagem apresentar a coloração azulada. Quando uma partícula carregada eletricamente (neste caso, os átomos do personagem) atravessa um meio isolante a uma velocidade superior à da luz NESTE MEIO, ela emite radiação eletromagnética que pode ser na faixa visível. Neste caso, a azul.

E diferentemente de outras HQs, Watchmen mostra o super-herói como um indivíduo verossímil, sendo que de todos os vigilantes apenas o Dr. Manhattan possuía poderes de pato. E ao invés de explorar a grandeza dos heróis, acaba sendo feito o contrário, explorando suas fraquezas.

Eu poderia passar boas horas escrevendo sobre o aulão e as coisas que eu aprendi nele, mas isso iria resultar em um texto longo e cansativo de se ler, então o que me resta é apenas agradecer para a coordenação da escola por ter organizado essa aula, além da minha professora de história e do meu professor de filosofia que se disponibilizaram para estarem ali em um dia de sábado. Com certeza eu consegui adquirir informações importantes que eu vou levar junto de mim até o final da minha vida.

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10 comentários

  1. Nossa, que resenha completa! O engraçado é que meu professor de filosofia indicou o filme para vermos e discutirmos em aula, mas com a correria do vestibular acabei pulando essa tarefa...Anos depois estava procurando um filme para ver no Netflix e resolvi ver Watchmen por curiosidade, mas não imaginei que encontraria uma obra tão madura e inteligente. Acho tudo em Watchmen simplesmente genial: a trama, a construção dos personagens, os questionamentos...O final é ótimo, e tecnicamente falando, todas as cenas são primorosas e as músicas escolhidas dão uma atmosfera perfeita.

    Que bom que você gostou do filme e aprendeu com ele, agora você tem que ler a HQ. Tenho certeza que não vai se arrepender!

    Beijos, Vickawaii
    http://finding-neverland.zip.net

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    1. Eu nunca teria pensado nisso se não fosse pelo aulão que eu tive com os meus professores, e isso serviu para abrir a minha cabeça e me mostrar que as HQs vão muito além de entreter as pessoas, se trata de algo muito mais profundo.
      E você acetou em cheio, agora eu estou doida para ler a HQ!

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  2. Nossa bem legal o Post, deve ser bem legal esse filme vou ver se vejo. Bjos

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Fico feliz que você tenha gostado do post <3 e eu tenho de concordar com você que os HQs apresentam um tema muito mais profundo do que realmente aparentam.

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  4. Nossa também amo a Marvel , achei o filme com um estilo bem Sherlock (pela inteligencia apresentada) , amei sua resenha ♡♡

    nataliloure.blogspot.com

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    1. Os filmes da Marvel são tão <3 Nunca vi os filmes do Sherlock, só acompanho a série, mas mesmo assim tenho que concordar com você sobre a inteligencia apresentada.
      E fico feliz que você tenha gostado do post!

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  5. Não curto a Marvel, mas assisto hora ou outra meu pai e minha irmã são simplesmente fanáticos por quadrinhos. Adorei o post !

    Bjoos Miih <3

    descafeinadass.blogspot.com.br

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    1. Aqui em casa a situação é o contrário, eu sou a única que me interessa pelos filmes da Marvel e da DC Comics. E fico feliz que você tenha gostado do post!

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